segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Jornal Paraíba Mais


Mês do rock nroll
A chegada de outubro traz à Paraíba a expectativa das comemorações do mês do rock n’ roll. Em João Pessoa, a data oficial desta celebração é o dia 10 de outubro, que, este ano, fomenta a realização de dois festivais independentes. 

A cena paraibana do rock vem ganhando solidez devido à disseminação de conteúdo através da internet. Não apenas pela divulgação da produção musical do Estado, mas também pelo contato com outras bandas nacionais; pela publicação de trabalhos de artistas e jornalistas da cena alternativa; pelos blogs e listas de discussões, dedicadas exclusivamente ao assunto e, pela integração nacional entre os produtores de eventos independentes. 

Todas estas atividades de distribuir e absorver informações acabam gerando um meio cultural mais conciso que estimula as produções alternativas de arte e o surgimento de novas bandas.

Os festivais, por sua vez, são o meio mais eficiente de divulgar estes novos grupos musicais e de reunir os frutos artísticos de todo o país. Na Paraíba, o ‘Festival Mundo’ e o ‘Aumenta que é Rock’ são os dois maiores eventos com esse perfil. Idealizado por jovens, o primeiro, realiza em 2008 sua 4° edição e o segundo, produzido por Marcos Thomaz, Eliseu Lins e Thiago Oliveira, acontece pelo terceiro ano. Para participar, as bandas da Paraíba têm de entregar algum material musical, no prazo determinado pelas devidas produções. 

Após um processo de triagem, a equipe define quais bandas estão selecionadas. Dependendo do festival, elas passam pelo voto popular e posteriormente por uma avaliação técnica da equipe organizadora para, enfim, concluir o processo de escolha. 

Paralelamente, são convidadas para o evento bandas do circuito alternativo de outros lugares do Brasil. A cada edição, novidades são introduzidas nas suas respectivas programações. Contudo, fazer este tipo de evento envolve muitas dificuldades.

De acordo com umas das produtoras do ‘Festival Mundo’, Carolina Morena, o principal obstáculo é a dificuldade de conseguir patrocínio. Apesar de existirem alternativas públicas como o Fundo de Incentivo a Cultura Augusto dos Anjos (FIC), estes festivais dificilmente são contemplados. “Editais como o FIC são muito restritos. Na maioria das vezes eles priorizam algo que envolva música popular e você sente que falta abertura do governo e da prefeitura para os eventos alternativos, para algo que não seja MPB”, opina.

A ajuda privada é igualmente difícil. “As empresas preferem financiar shows como Chiclete com Banana, por exemplo, do que financiar um evento de bandas desconhecidas. Falta uma percepção de que este trabalho é feito com seriedade, tem organização e logística igual à de shows maiores”, defende a produtora que também faz parte de uma banda paraibana. 

Devido às dificuldades de fazer festivais independentes, a amizade com produtores de outros Estados torna-se fundamental. “Procuramos trazer bandas de fora da Paraíba que sejam mais acessíveis. Quando não dá para financiar os gastos com hospedagem e alimentação nós negociamos. Entramos em contato com produtores de Estados vizinhos e organizamos uma espécie de turnê da banda, assim dá pra dividir os gastos”, explica Carolina.

Segundo Diogo Galvão, convidado a integrar a equipe de produção do Aumenta que é Rock deste ano, isto acontece porque João Pessoa ainda não tem uma produção tão forte quanto Recife e Natal, por exemplo. “Até pela geografia ficamos entre dois estados que têm essa ‘cena’ muito mais consolidada, por isso fica mais fácil trazer bandas se o produtor tem mais influência”, diz Galvão.

O caminho das pedras também é trilhado pelas bandas. De acordo com o baixista da banda pessoense Afetamina, Bruno Lima, a grande dificuldade é, sem dúvidas, a falta de recurso. “Tudo é bastante caro, desde a compra dos instrumentos, os ensaios em estúdio, até a gravação de demos. O investimento é alto e, se mal investido, o retorno é zero”, afirma.

Autor: Danielly Almeida especial para o JPM

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